domingo, 9 de novembro de 2008

EU, O SOFTWARE



Tenho convivido diariamente com a idéia de que o nível de dependência entre os softwares e as pessoas é cada vez mais alto. Os comportamentos dos softwares estão atrelados à forma com que os seres humanos o programaram. Que até mesmo um sistema auto-suficiente e possuidor de inteligência artificial ainda teve em sua origem a essência nas pessoas.

Daí que todo e qualquer software não possui erro. O comportamento dele é análogo ao que foi implementado. E, no caso de ser estranho, confirma o quanto os homens conseguiram interferir. Vai desde a incompletude da necessidade, ao que vai ser especificado e descamba numa fraca programação repleta de características humanas. Erros.

Eu tenho percebido que ainda não temos amadurecido nossos pontos de vista sobre os problemas e que na maioria das vezes preferimos complicar do que simplificar. Entender que a incompletude pode ser útil e ajudar a reciclar os conceitos do negócio.

Na maioria das vezes os negócios não estão mapeados pelo interesse final de uma área de trabalho, mas na alocação de pessoas e suas respectivas capacidades. Destaco nesse aspecto a individualidade de cada ser humano e por fim a representação de nada disso poderia funcionar se houvesse a substituição de Zé por João.

É complicado de explicar? Vou tentar simplificar um pouco mais.

Software é gente. Se alguém chega de mal-humor, isso vira um aplicativo mal-humorado. Pode funcionar, mas é bem possível que esteja sobrecarregado de coisas catastroficamente inviáveis de serem mantidas por outra pessoa.
Nesse ponto junto outra palavrinha: manutenção. Como nenhum software se torna absoluto da origem ao fim, pois acaba sofrendo evolução ao longo da vida, amadurecendo em si e com seus pares, a sua manutenibilidade estará comprometida. Vai ser difícil entender um código todo emburradinho e fazer ele evoluir.

Além desses aspectos torna o homem ao conhecimento do próprio homem e por fim o conjunto de desequilíbrios de toda uma equipe com pessoas desenvolvendo numa arquitetura de solução que mais parece uma fumaça desgovernada e que tende a produzir re-trabalho. 

Fazer e refazer faz parte da evolução dos softwares e isso ajuda na maturidade do homem e consequentemente do software. A gente só precisa entender o quanto disso será vendido - a melhoria - e o quanto disso será absorvido como defeito - inconformidade com a mínima inteligência necessária ao entendimento.

É por conta dessa burrice que nos contagia diariamente que relembro Vicente Serejo, meu prefaciador, jornalista, cronista preferido de Natal. Serejo certo dia chegou na sala de aula, pós as provas corrigidas em cima da mesa, esperando a turma toda sentar-se e calar-se.  O cerimonial foi interrompido por um ansioso, desligado e desinformado: "professor, o senhor trouxe as provas (e as notas)". Sem esperar pela respirada seguinte, Serejo apontou para a porta e expressou enfático: "se eu botar um mata-burro naquela porta, arrisca até mesmo eu não sair da sala".

E, pensando nesse conjunto de idéias venho retomar o assunto das oportunidades, pois todos nós somos os melhores e piores softwares que existem. Os que vão para a gaveta, os que vão para o topo - que servem de exemplos. Software, que está ligado aos sistemas de informação e demais aspectos tecnológicos vão se constituindo cada vez mais de componentes humanos. E, por conceito, de  vida humana.

Eu botei o texto com nome de Eu, o Software para que cada um pudesse pensar em si mesmo e como cada um se relaciona nesse mundo tecnológico. Mas é bem possível que você tenha pensado de forma diferente. Esse é o meu erro, pois sou humano e não vou conseguir prever todos os comportamentos da leitura de meu texto. Imagine eu poder prever todos os comportamentos de um software. Da próxima vez vou intitular: Eu, o Abend.

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